2017, bons ventos para o setor Bioenergético 06.02.2017

O ano de 2017 entra com esperança renovada e com a perspectiva de que, finalmente, poderemos enxergar o horizonte à nossa frente e em parceria nos conduzirmos por um caminho de progresso em nosso tão sofrido setor bioenergético.

canavial

Novos ventos trazem esperança para o setor Bioenergético

Para os bons ventos que passam por aqui existem vários fatores distintos, mas que juntos, permitem que possamos nos refrescar em uma brisa que nos faça sorrir novamente com esperança para o setor bioenergético.

Não podemos tratar igual à euforia vivida em meados de 2000. Hoje o setor bioenergético está mais maduro, e sequelas da crise econômica que vive o país ainda nos deixa sem comemorar de forma mais calorosa os bons ares. Assim, viver com esperanças de melhoras é melhor do que não enxergar mais nenhuma perspectiva.

Setor Bioenergético, a discussão do tema é muito importante

Um dos fatores que nos dá um pouco desta esperança está nas movimentações do governo Michel Temer. Este passou a dar outros olhos para o segmento bioenergético, dando a real importância que possuímos dentro do contexto da retomada do crescimento econômico do nosso País.

O setor andou meio esquecido nas gestões de Dilma Rousseff e no último mandato de Lula, hoje olhamos com clareza a movimentação que envolve diversos ministérios na discussão de planos e políticas de Estado que possam dar sustentação a este setor, que é responsável por uma grande parte dos empregos e do PIB do agronegócio brasileiro.

No Ministério do Meio Ambiente, a movimentação é pela criação de consulta pública, já em andamento, a fim de se formatar uma estratégia para a implementação do compromisso assumido pelo Brasil na COP 21. Vale ressaltar que dentre esses compromissos temos a produção de mais de 54 bilhões de litros de etanol e o aumento da participação da bioeletricidade na matriz energética brasileira para 68 TWh/ano, em 2030.

A discussão do tema já é muito importante, pois traz a bioenergia novamente em pauta, tirando do ostracismo o setor que via, perplexo, o antigo governo assumindo metas sem qualquer planejamento para sua execução.

O Ministério de Minas e Energia, liderado pelo ministro Fernando Coelho Filho e sua equipe, enxergamos talvez a principal esperança de dias melhores. Lançado no final de 2016, o RenovaBio começa a ganhar forma e grupos de trabalho estão sendo criados para a discussão das principais premissas que sustentarão o programa, tão necessário para que o setor volte a crescer.

Com a participação de vários elos da cadeia bioenergética, como o Fórum Nacional Sucroenergético, as distribuidoras, a EPE, o próprio Ministério de Minas e Energia, o Ministério da Agricultura, consultorias, enfim, uma seleção de grandes mentes do setor se debruça, agora, na busca da melhor estratégia para que o RenovaBio possa, de fato, ser esta esperança que tanto necessitamos.

O fator ambiental também nos renova devido às condições climáticas, por ora, favoráveis. Depois de um setembro e outubro do ano passado bem seco, vimos uma retomada das chuvas mais regulares nos meses de dezembro e janeiro, o que nos permite prever que mesmo com uma menor renovação, o que culminará em um canavial mais velho este ano, a depender das chuvas de fevereiro e março, poderemos experimentar uma safra bem próxima da 2016/17, limitando, assim, as perdas.

Todo este otimismo, no entanto, está respaldado em grande responsabilidade. Aprendemos com a euforia do passado, e agora é hora de voltar a crescer com bases mais sólidas.

De toda a forma esse melhor momento não está passando despercebido pelo mundo. Voltaram-se os interesses de grandes multinacionais em ativos do setor, hoje bem depreciados com a fragilidade de nossa economia e as taxas cambiais crescentes.

Esse interesse é respaldado, também, por uma conjuntura internacional que volta, depois de mais de cinco anos de superávit, a ver uma quebra na produção de açúcar global com perspectiva de déficit na ordem de 5 milhões de toneladas.

Agora é fazermos nossa lição de casa, reorganizarmos nosso setor, e, quem sabe, voltarmos a ter orgulho de sermos produtores da melhor alternativa mundial aos combustíveis fósseis…
Fonte: Antonio Cesar Salibe – Presidente Executivo da UDOP