Variedades de cana CTC e IAC sobem na intenção de plantio para a safra 2019/20 12.03.2019

Um dos fatores-chave que afetam a produtividade dos canaviais é o manejo varietal de cana. Pesquisas apontam que ao longo dos dez últimos anos essa condição vem tido lentidão, mas, apesar disso, vem avançando graças a tecnologias e aos métodos de plantio (como meiosi e cantosi).

O avanço vem sendo analisado pelos últimos censos realizados pelo IAC (Instituto Agronômico), em especial pela terceira edição do censo de variedades de cana-de-açúcar no Brasil e de intenção de plantio para 2019/20.

De acordo com o responsável pelo Censo Varietal e consultor em Planejamento Estratégico, Rubens Leite do Canto Braga Jr., o censo da safra 2018/19 bateu o recorde com a participação de, até o último pronunciamento, 216 unidades (totalizando cerca de 5,957 milhões de ha).

Esses valores correspondem aos estados: Bahia, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Maior região brasileira produtora do cultivo, o Centro-Sul apresentou dados onde a variedade RB867515 perde espaço. Ela está em 23% dos canaviais da região citada e teve uma queda significativa, comparando com o censo de 2017/18 (27,3% nas mesmas áreas).

Enquanto isso, a variedade CTC4 apresenta um dos melhores números de crescimento, quando se comparado as últimas cinco safras. Na safra 2012/13, por exemplo, ela apresentava apenas 0,9% dos canaviais.

Na safra 2017/18, o número subiu para 4,5% e, na safra 2018/19, cerca de 8% (de acordo com os censos do IAC).

Para o pesquisador do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, a expansão de certas variedades de cana ocorrem de forma lenta pela função de ser uma cultura semi-perene, multiplicada vegetativamente.

Ele também aponta o tradicionalismo e a insegurança dos produtores, já que esses relutam para substituir aquilo que já cultivam. “No entanto, nos últimos três anos percebemos que esta dinâmica teve poucas alterações, a velocidade de expansão se tornou maior e isso atribuímos ao uso do MPB (muda pré-brotada) associado a técnica da meiosi.”

O censo mostrou, além do que já está sendo cultivado, o resultado de intenção para a safra 2019/20 de 165 unidades, número que representa quase 50% unidades sucroalcooleiras brasileiras.

A primeira variedade que continua como a mais plantada na região Centro-Sul é a RB867515, em 15,2% – seguida da CTC 4, com 13,2% e da RB966928, por 12,7%.

Em busca de evolução

Com áreas pequenas, por enquanto, o IAC tem intensificado as ações através do Programa Cana IAC, gerando novidades mais modernas, com alta produtividade e livre de doenças.

O programa, por meio do uso do MPB, está diminuindo significativamente o tempo entre cruzamento e liberação das variedades, para aproveitar mais rápido o ganho genético dessas novas variedades.

“Vale citar, como exemplo, variedades como a IACSP95-5094, que além de ser tolerante ao acamamento mesmo em altas produtividades, é responsiva ao uso de tecnologias de verticalização, como aquelas relacionadas a nutrição mineral e as de proteção, como as estratégias de mitigação de déficit hídrico. A variedade IACSP97-4039, por sua vez, destaca-se sobretudo pela sua especificidade, pois é precoce de PUI longo, mas associa a estas importantes características, a rusticidade. Já a variedade IACSP01-5503 merece destaque principalmente pela versatilidade, tendo bons resultados em ambientes favoráveis e até mais desfavoráveis”, comentam os pesquisadores Landell e Braga Júnior.

Fonte: Revista RPA News